"Por amor de Deus, abre a porta. Abre a maldita porta!"
Teria sido estas as últimas palavras que se ouvem na gravação retirada da caixa preta, proferidas pelo comandante do voo da Germanwings, do lado de fora da cabine. O conteúdo da gravação foi revelado este domingo pelo jornal alemão "Bild".
Acredito que todos tenham ouvido falar do avião da Germanwins que caiu na terça-feira (24/03/15) nos Alpes franceses vitimando 150 pessoas. Andreas Lubitiz (28 anos) parece ter derrubado a aeronave deliberadamente, as informações são preliminares e as investigações ainda não foram encerradas até esta data.
Uma situação terrível vivida por estas pessoas, segundo informações vinculadas nos noticiários, foram 15 minutos o tempo que durou a descida da aeronave até se chocar.
Como ainda não sabemos se de fato este copiloto fez isto de forma deliberada, vamos pensar nas outras 149 pessoas a bordo que não tiveram escolhas e mesmo assim morreram de uma forma trágica.
Este bolg trata sobre Segurança e Saúde no Trabalho, situações como estas não se tem muito o que comentar, talvez pudéssemos imaginar que deveria haver uma forma do piloto regressar para cabine mesmo contra a vontade do copiloto, um mecanismo para abrir a porta, mas agora são especulações que servirão apenas para rodas de discussões, o fato é que o pior aconteceu.
Diariamente quando saímos dos nossos lares para ir ao trabalho, colocamos nossas vidas nas mãos de outras pessoas, sejam eles motoristas de ônibus, vans, condutores de trens e até mesmo indo em seus automóveis, afinal ao seu redor existem vários outros motoristas que podem colocar sua vida em risco.
Será que estas pessoas tem a consciência desta responsabilidade e foram devidamente treinados para isto?
A nossa saúde, não apenas física, mas mental chega a limites perigosos, principalmente nos dias de hoje onde o tempo é tão valorizado e as pessoas vão perdendo valores indispensáveis para uma sobrevivência saudável.
É difícil acreditar que alguém, considerada normal, amiga, responsável ao ponto de pilotar um avião com 150 pessoas, possa ter a coragem de desistir da vida e levar com ela outras 149.
Talvez algum dos amigos do Andreas Lubitiz, esteja se perguntando: “por que não conversei com ele mais e me fiz mais próximo?”
Estou apenas conjecturando, mas que estas conjecturas sirvam para que nós, em nosso ambiente de trabalho possamos parar um pouco para perceber aqueles que estão ao nosso lado e chamamos de amigos ou apenas colegas de trabalho. Será que podemos fazer mais por elas, mesmo que, apenas, para o bem de nossa segurança?
Para a tripulação deste voo o que aconteceu foi um acidente de trabalho, teve suas causas e até agora, a “máquina” homem foi a responsável por este acidente fatal.
Todo acidente deve ser investigado, suas causas analisadas na tentativa que isto não se repita, afinal outros aviões estão ai, a cada minutos vários deles decolam de aeroportos espalhados pelo mundo. Por maior que sejam as tecnologias que carregam, sempre será a “máquina” homem que terá a decisão mais importante.
Uma curiosidade que foi vinculada nos meios de comunicação, foi a forma como a empresa age com seus empregados, eles não passam por avaliações psicológicas, mas podem conversar livremente com seus “colegas” de trabalho e expor suas dificuldades e eles mesmos podem decidir sobre afastamento.
Talvez precisassem de mais detalhes para saber a intenção da empresa adotando estas medidas, até mesmo para avaliar se é um método eficaz ou não, mas é muito perigoso dar o poder de decisão para alguém que não foi preparado para isto, pior ainda, para alguém que está diretamente envolvido com o problema.
Todas as funções dentro de uma
empresa esbarram em certos limites, para um Técnico de Segurança e Saúde do
Trabalho não é diferente, é impossível delegar ao técnico a tarefa de fazer uma
avaliação psicológica, mas é imprescindível que saibamos identificar quando ela
é necessária.
Pode ser uma necessidade simples ou
algo mais complicado, o fato é que ela existe e quanto mais fecharmos os olhos
para isto, maior serão as consequências.